Coletas e Ofertas
Irmandade
Publicada em 05 de julho de 2023
Prezados irmãos, a paz de Deus.
O apóstolo Paulo exortou a igreja de Corinto para que ela se mobilizasse em favor dos irmãos da igreja de Jerusalém, que estavam enfrentando sérias dificuldades, pois a região da Judeia, onde estava Jerusalém, tinha sofrido uma grande fome (At.11, 27 e 28), que empobreceu a muitos. A necessidade dos irmãos de Jerusalém se agravou ainda mais com o martírio de Estevão que, após a sua morte, todos os crentes, exceto os apóstolos, precisaram sair de Jerusalém (At. 8, 1), pois iniciou-se uma implacável perseguição aos cristãos e eles tiveram de deixar suas propriedades, fugindo da Judeia.
A igreja de Antioquia já havia enviado uma ajuda financeira para os necessitados da igreja de Jerusalém (At. 11, 29 e 30). Oito anos antes de escrever essa carta Paulo já assumira um compromisso público com os apóstolos Pedro, Tiago e João, anciães da igreja de Jerusalém, de que ele iria para os gentios e de que, além de realizar o seu ministério entre eles, também cuidaria dos pobres.
Eis o relato do apóstolo: “(...) em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão; Recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres: o que também procurei fazer com diligência”. (Gal. 2, 9 e 10). Paulo exercia o ministério da pregação da Palavra, junto aos gentios, sem, contudo, deixar a assistência aos necessitados de lado.
Ao escrever a 2ª epístola aos Coríntios, o apóstolo relatava como Deus havia abençoado as igrejas da Macedônia que cooperavam intensamente para com as necessidades apresentadas e, que mesmo que enfrentassem severas tribulações e extrema pobreza, ainda assim, transbordavam em rica generosidade. Testificando, ainda, o apóstolo, que os irmãos macedônios contribuíam por iniciativa própria, até além do que poderiam: “e ainda acima do seu poder, deram voluntariamente”. (2 Cor. 8, 3).
Dois anos depois, quando o apóstolo fazia apelo similar à igreja de Roma, ele incluiu Corinto (Acaia) como um bom exemplo, citando como Deus havia prosperado o trabalho de ofertas na Macedônia: “Porque pareceu bem à Macedônia e à Acaia fazerem uma coleta para os pobres dentre os santos que estão em Jerusalém. Isto lhes pareceu bem, como devedores que são para com eles. Porque, se os gentios foram participantes dos seus bens espirituais, devem também ministrar-lhes os temporais”. (Rom. 15, 26 e 27).
O apóstolo orientava como a igreja de Corinto deveria contribuir para com os necessitados de Jerusalém: “No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam as coletas quando eu chegar”. (1Cor.16, 2). No domingo, quando a igreja se reunia publicamente para cultuar ao Senhor, cada membro deveria congregar levando consigo a contribuição, para atender à necessidade dos menos favorecidos e, através desse ensino, o apóstolo incentiva a contribuição sistemática de cada fiel, para tanto, propôs-se “planos funcionais” para que a igreja fosse mais efetiva nas contribuições. “Pôr à parte em casa” significa separar regularmente os frutos para ofertá-los nas casas de oração. Na mesma passagem somos ensinados que a contribuição deve ser proporcional, conforme a prosperidade de cada um, de modo que não ocorra de um ficar sobrecarregado enquanto outros não assumiram igual responsabilidade para com a obra de Deus. Ninguém deve ficar isento em contribuir, sendo que a contribuição deve ser justa e, dentro da proporcionalidade de cada um, todos contribuirão de igual modo.
Doar é um ato de adoração ao Senhor, e quem o faz recebe a bênção do Senhor, conforme está escrito: “O que é de bons olhos será abençoado, porque deu do seu pão ao pobre” (Prov. 22, 9), sendo que devemos fazê-lo com espontaneidade e alegria e, jamais, como um fardo, mas como um sacrifício agradável a Deus, conforme o próprio apóstolo havia recebido ofertas da igreja de Filipos: “Mas bastante tenho recebido, e tenho abundância: cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus”. (Fil. 4, 18).
Rememoramos o que está contido no livro dos provérbios: “Alguns há que espalham, e ainda se lhes acrescenta mais; e outros que retêm mais do que é justo, mas é para a sua perda. A alma generosa engordará, e o que regar também será regado” (Prov. 11, 24 e 25). Ainda a Escritura diz: “Quem pois tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele a caridade de Deus? Meus filhinhos não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade” (1João 3, 17 e 18). O amor deve ser altruísta, centrado mais no nosso próximo, do que em nós mesmos.
Podemos ler no Livro dos Atos dos Apóstolos, que no início da igreja primitiva “Não havia pois entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se por cada um, segundo a necessidade que cada um tinha” (At. 4, 34 e 35). Inclusive, José, que era chamado pelos apóstolos Barnabé (que, traduzido, é filho da consolação), possuindo uma herdade, vendeu-a, e trouxe o preço, e o depositou aos pés dos apóstolos, doando parte de seus bens para acudir os necessitados em Jerusalém. Ele investiu na vida de Paulo em Jerusalém e Antioquia e na vida de João Marcos, em Chipre. O bem que se pratica, retorna outra vez para o doador, conforme está escrito: “Sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer”. (Ef. 6, 8).
E, para finalizar, no Livro de Provérbios está escrito que “Ao Senhor empresta o que se compadece do pobre, ele lhe pagará o seu benefício” (Prov. 19, 17). Compadecer-se do necessitado é acudi-lo em suas necessidades. Destacamos, contudo, que Deus não fica em débito com ninguém, porém, o generoso recebe, da parte do próprio Deus, alegria, livramento, proteção, conforto e saúde: “Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o Senhor o livrará no dia do mal. O Senhor o livrará, e o conservará em vida; será abençoado na terra, e tu não o entregarás à vontade de seus inimigos. O Senhor o sustentará no leito da enfermidade; tu renovas a sua cama na doença” (Sal. 41, 1 a 3).
Para tanto, rogamos de toda a nossa irmandade uma maior cooperação nas santas coletas, destinadas ao atendimento dos nossos irmãos menos favorecidos, que enfrentam necessidades várias. O exercício da misericórdia é imperativo e a importância da generosidade é urgente. Lembremo-nos das palavras do apóstolo Paulo e, do próprio Senhor Jesus: “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”. (At. 20, 35). “Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados”. (At. 20, 32).
Vossos irmãos em Cristo,
Anciães Indicados do Conselho dos Anciães Mais Antigos do Brasil