Circular Nº 168

Posicionamento doutrinário da instituição Congregação Cristã no Brasil - Bíblia Sagrada

Reunião de Aconselhamento Ministerial (RAM)

Publicada em 29 de outubro de 2023

Circular em PDF

Cara Irmandade,

A paz de Deus.

A presente publicação foi elaborada para esclarecimento necessário e pacífico à nossa irmandade, não foi produzida com o intuito de alimentar polêmicas com os que persistem em discordar, posicionando-se contra nós. Manifestamo-nos aqui em defesa da igreja, que vem sofrendo com ofensas e investidas por parte de alguns grupos de críticos cristãos, os quais se levantaram nas redes sociais contra a forma de doutrina que professamos na Congregação Cristã.

O que se lastima mais é perceber, com clareza, o desejo evidente de tais pessoas em depreciar raivosamente a Congregação Cristã – sem bases doutrinárias fundamentadas em verdades escriturais – senão em suas compreensões pessoais desvirtuadas de nossa confissão de fé. Ao agir assim, eles desprezam maldosa e temerariamente o real significado dos textos que identificam os nossos Pontos de Doutrina e da Fé, se firmando em suas interpretações equivocadas e ácidas, destacando e comentando algumas palavras fora do contexto por nós proposto. Esses pregadores midiáticos desavisados se transvestem soberbamente de doutores e professores imprudentes, expondo na mídia um entendimento desprezível, completamente deturpado do que cremos e praticamos. Desse modo, esses tais não merecem a mínima atenção por parte da querida irmandade.

Tornamos notório que nossas bases de fé e doutrina são absolutamente leais e comprometidas com a Bíblia Sagrada, a qual confessamos como única e suficiente fonte para formação e edificação na fé em nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Cremos que nela nada se pode acrescentar, diminuir ou modificar. Contudo, lamentavelmente, em razão de uma análise distorcida de nossos Pontos de Doutrina e da Fé, temos sido atacados sistematicamente por aqueles que deveriam semear o amor, o bem, a paz, prezando pelo santo ensino, pela palavra de edificação, pela unidade e harmonia entre os irmãos e não pelo semear de contenda entre irmãos, como se lê:

“Estas seis coisas aborrecem o Senhor, e a sétima a sua alma abomina: Olhos altivos, língua mentirosa, e mãos que derramam sangue inocente: Coração que maquina pensamentos viciosos; pés que se apressam a correr para o mal; Testemunha falsa que profere mentiras: e o que semeia contendas entre irmãos”. (Prov. 6:16 a 19)

Vejamos o citado Pontos de Doutrina e da Fé, alvo de ataques insanos:

Nós cremos na inteira Bíblia Sagrada e aceitamo-la como contendo a infalível Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo. A Palavra de Deus é a única e perfeita guia da nossa fé e conduta, e a Ela nada se pode acrescentar ou d’Ela diminuir. É, também, o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê”. (2Ped. 1:21, 2Tim. 3:16 e 17 e Rom. 1:16) (1º item dos Pontos de Doutrina e da Fé que uma vez foi dada aos Santos)

Atentem que não está grafada em nossa confissão de fé a palavra contém, que é a conjugação do verbo conter na 3ª pessoa do singular no presente do indicativo, consequentemente, não exprimindo continuidade. Ao invés disso, está registrada a palavra contendo, empregada no gerúndio, com a intenção de exprimir a revelação incessante. Explicando melhor, a função do gerúndio na palavra contendo colocada na referida oração, foi simplesmente a de indicar uma ação continuada, que não se acha presa ao passado, pois, não se acabou, visto que prossegue acontecendo.

A fim de esclarecer a origem e o respectivo teor dessa questão, importa lembrar que a disciplina Bibliologia atesta que somente os manuscritos autógrafos originais detêm inspiração, inerrância e infalibilidade. Como os textos autógrafos não existem mais, nos restam alguns milhares de cópias totalmente fiéis desses mesmos manuscritos, as quais contêm inspiração idêntica aos originais. Ou seja, as traduções da Bíblia Sagrada não detêm a inspiração original — senão inspiração proveniente do original — visto serem cópias completamente idênticas dos textos autógrafos. Como essas réplicas leais transmitem com total precisão os conteúdos originais, tratam-se indubitavelmente da incontestável e perfeita Palavra de Deus.

Confessando e invocando a inspiração dessas citadas cópias, como sendo réplicas legítimas e inalteradas, e transmitindo elas até os dias atuais a exatidão dos textos originais, é que foi redigida a afirmação contendo a Palavra de Deus em nosso primeiro Pontos de Doutrina e da Fé.

Portanto, o objetivo de a Congregação Cristã ter colocado a palavra contendo, foi unicamente o de declarar a prevalência permanente da inspiração e da completude da Bíblia Sagrada como inalterada Palavra de Deus ao longo do tempo, em suas reproduções tipográficas com base nos originais; reconhecendo-a como a fidedigna Escrita da Mensagem Divina. Portanto, como exposto, a Congregação Cristã confessa a Bíblia Sagrada como a fiel, infalível e inquestionável palavra de Deus, advinda de transcrições primitivas, fidedignas, absolutamente confiáveis. Assim, todo o conteúdo da Escritura Sagrada — conjunto de todos os textos bíblicos inspirados e impressos — foi revelado por Deus e registrado por homens santos e inspirados pelo Espírito Santo, sendo, por conseguinte, o registro do divino. Cremos mesmo que, as palavras, a forma como foram anotadas, bem como as disposições registradas nos manuscritos originais da Bíblia foram procedentes diretamente do divino, refletindo a perfeita intenção do Eterno. Assim, reafirmamos nossa convicção de que todos os livros que compõem a Bíblia Sagrada são integralmente advindos genuinamente de Deus, sob inspiração verbal e plenária, se configurando como a Palavra de Deus (escrita da mensagem divina).

Como fica patente por essas exposições, o nosso entendimento é, e sempre foi, que a Bíblia Sagrada resulta da inspiração verbal e íntegra de Deus. Apenas não são inspirações procedentes do Eterno os títulos dos textos, os sinais de pontuação, bem como a numeração de capítulos e versículos – esse conjunto de ferramentas semânticas e organizacionais foi utilizado apenas para facilitar a compreensão e referência do Livro Sagrado.

Dessa forma, deixamos claro perante a cara irmandade que, gramaticalmente falando, a função do gerúndio contendo em nosso Ponto de Doutrina e da Fé é a de denotar ação de ininterrupção, com o objetivo de sustentar que a inspiração e a infalibilidade inquestionável da Bíblia Sagrada continuam acontecendo por intermédio das cópias manuscriturais, uma vez que a revelação divina não ficou perdida no passado, nos textos autógrafos. A inspiração santa e indubitável da Bíblia Sagrada se perpetua por intermédio das cópias dos originais. Essa é a nossa genuína fé e exatamente isso reconhecemos, ensinamos e professamos

Afirmamos categoricamente que a confissão de fé da Congregação Cristã abarca toda a Bíblia Sagrada como Palavra de Deus, não admitindo acréscimo, retirada e/ou modificação de sequer uma letra da Santa Escritura, por crermos na integridade e na totalidade de sua inspiração, absolutamente iluminada pelo Espírito Santo, tendo-a, reafirmamos, como a incontestável Palavra de Deus.

Nesse aspecto, vale enfatizar que, certos representantes de algumas igrejas cristãs que nos infamam publicamente sem remorso, não podem sustentar essa mesma afirmação com honestidade, visto que algumas delas, por determinação míope e arbitrária de suas amarras teológicas, excluíram ilegitimamente de suas vivências algumas verdades e recomendações da Bíblia Sagrada acerca da inspiração e da obra do Espírito Santo. Essa conduta é o resultado do excesso de conhecimento intelectual associado a triste falta de convívio com as manifestações puras do Espírito Santo. Manifestações essas que eles, esses pregadores cessacionistas, por não crerem, reprovam e não abraçam em suas respectivas denominações religiosas e, pior, condenam quem as vivencia.

Eles não admitem nem creem nos dons do Espírito Santo (Mar. 16; 1Cor. 12:1-11; Ef. 1:17, 4:8; Heb. 2:4; Atos 2:38, Atos 10:45; 1Ped. 4:10), como, por exemplo, dom de novas línguas, dom de doutor (dom, não curso teológico), dom de governo (dom, não gestão acadêmica), dom de sabedoria (dom, não treinamento intelectual), dom de revelação, dom de interpretação de línguas, dom de cura, dom de operação de maravilhas, dom de expelir espíritos maus, dom de profecia, dom de revelação, entre todos os demais que devem operar livremente na Igreja de Cristo.

Agir assim é retirar e negar partes da Escritura Sagrada, além de penalizar os seus fiéis com a falta dos dons espirituais prometidos no Evangelho da Graça, contingenciando-os a uma relação empobrecida com Deus. Esses teólogos e pregadores de redes sociais acreditam que a negação pública e ostensiva dos dons do Espírito Santo os tornam mais brilhantes. Mais grave: alegam que as igrejas que vivenciam as riquezas dos dons não são cristocêntricas. Afirmações absurdas à luz das escrituras e anti-bíblicas por excelência, acerca do que teríamos muito o que dizer. Todavia, não o faremos nesse momento para não tornar esse documento muito extenso.

Ressaltamos, por oportuno, que afirmar não existir mais os dons do Espírito Santo é o mesmo que desabonar, desautorizar, por exemplo, as palavras proféticas e imperativas de nosso Senhor Jesus Cristo que determinou:

“E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão” (Mar 16:17 e 18)

Para nós, a palavra de Deus é, e sempre será, a única, perfeita e completa guia da nossa fé e conduta, não requerendo nenhuma outra fonte alternativa de conhecimento para formação e firmeza espiritual da Igreja.

Cremos e vivenciamos o poder de Deus que emana da Bíblia Sagrada para a salvação de todo aquele que crer. Ou seja, a inspiração e a infalibilidade continuada da Palavra de Deus — a Bíblia Sagrada — transmite poder procedente de Deus para salvar todo aquele que crer. Por isso, confessamos, felizes, que experimentamos maravilhosas manifestações de Deus em nosso meio, vivemos o milagre do Novo Nascimento que transforma o homem natural em pessoa espiritual, voltada a santidade e a vida eterna; participamos, pela Graça que nos foi trazida por Jesus Cristo, dos diversos dons do Espírito Santo ministrados livremente na igreja; sentimos a virtude do Espírito Santo em nossos cultos solenes e nos sentimos como parte integrante da Igreja universal de Cristo na terra, Aleluia!

Finalizando, vale ressaltar que na Bíblia, Escrita da Mensagem Divina estão documentadas manifestações de diversos personagens, cujas expressões individuais foram eternizadas nos textos das Sagradas Letras. Nela, estão escritas conversações variadas, que nem sempre retratam Deus falando. Por exemplo, quando é o inimigo, ou quando são os homens profanos que falam, nessas ocasiões, a inspiração, como Palavra de Deus, consiste no Registro, na Escrita da Mensagem Divina, e não na mensagem relatada, isso é, não nas palavras por eles pronunciadas. Considerando isso, quando da leitura da Bíblia Sagrada é imprescindível ao cristão discernir bem quem se expressa no corpo da mensagem.

Seguem abaixo algumas referências bíblicas acerca dos citados dons do Espírito Santo:

“Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; ” (Ef 1:17)

“E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo;” (Atos 2:38)

“E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios” (Atos 10:45)

E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer. (1Cor. 12:9-11)

“Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente” (1Cor. 12:31)

“Segui a caridade e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar” (1Cor. 14:1)

“Assim, também vós, como desejais dons espirituais, procurai abundar neles, para a edificação da igreja” (1Cor. 14:12)

“Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens” (Ef. 4:8)

“...testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade? ” (Heb. 2:4)

“Cada um administre aos outros o dom como o recebeu como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1Ped. 4:10)

Ante o acima exposto, podemos, então, concluir esta circular relembrando à cara irmandade que a Congregação Cristã sempre se manteve fiel à Santa Palavra de Deus.

 

Vossos irmãos em Cristo,

Conselho da Presidência dos Anciães Mais Antigos do Brasil