Circular Nº 170

Uso do véu pelas mulheres

Reunião de Aconselhamento Ministerial (RAM)

Publicada em 29 de outubro de 2023

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Cara Irmandade,

A paz de Deus.

A Congregação Cristã entende que, obviamente, o uso do véu pelas irmãs não se trata de um pré-requisito para a salvação, nem em verdade o poderia ser, considerando sermos salvos pela graça, mediante a fé em Jesus Cristo. Entretanto, importa lembrar que se trata de um mandamento explícito e claro do Senhor ministrado pelo apóstolo Paulo e, ainda que secundário, não pode ser desprezado. Não é uma doutrina destinada exclusivamente às irmãs de Corinto que não se aplica às igrejas em outras localidades.

Admitir isso implicaria em afirmar que os ensinos doutrinais das cartas paulinas são restritivos a uma região geográfica e orientadas à uma igreja local, caracterizando-se como um conselho meramente circunstancial. Ora, as instruções da Bíblia Sagrada não resultam da compreensão humana em particular, sendo uma fonte inesgotável de conhecimentos espirituais e contendo a proposta pedagógica de ensinar os homens no caminho do reino de Deus.

Por essa razão, as recomendações nela contidas não podem ser tratadas como manifestações de ordem pessoal ou vistas sob um prisma histórico ou filosófico. Ratifiquem essa compreensão lendo a segunda epístola do apóstolo Paulo a Timóteo:

“Toda a Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;” (2Tim. 3:16).

Novamente, investiguem a epístola do apóstolo Pedro:

“Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2Ped. 1:20 e 21).

A Bíblia Sagrada jamais poderá ser enxergada como um livro de relatos históricos ou um simples conjunto de livros e epístolas, redigidos, parcialmente, sem inspiração divina. Todo ensino emanado das epístolas apostólicas possuem em comum o caráter atemporal, não foram escritas apenas para uma época, e o caráter universal, que possui aplicação em qualquer região geográfica do planeta, porque se destina à Igreja universal, e não a um grupo em particular. Se não fosse assim, todas elas poderiam ser prontamente descartadas, considerando-se que já se passaram quase dois mil anos de sua redação. Ademais disso, não somos nós mencionados como destinatários em nenhuma daquelas santas cartas inspiradas pelo Espírito de Deus. Incontestavelmente, a epístola do apóstolo Paulo aos Coríntios não poderia ser exceção a essa regra. Adicionalmente, no prefácio da primeira epístola aos Coríntios comprova-se, enfaticamente, a abrangência da doutrina do véu. Logo no início, no versículo dois, o Espírito Santo evidencia toda a universalidade dos destinatários da epístola de forma inequívoca:

“À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (1Cor. 1:2).

Ou seja, é certo que esse não seja um ensinamento restrito unicamente aos irmãos de Corinto e, sim, uma vontade expressa de Deus para se observar em todas as igrejas do Senhor Jesus.

Nessa mesma carta, está escrito:

“Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos anjos”. (1Cor. 11:10)

Isto é, o apóstolo afirma que o motivo do uso do véu é referente à presença dos anjos – seres celestiais, santos – os quais trabalham em favor da Igreja; e não em razão dos cultos pagãos, nem jamais das práticas pecaminosas de mulheres contaminadas que atuavam nos templos profanos na cidade de Corinto. Até mesmo porque, existia à época, numa outra cidade denominada Éfeso, um templo mais infame e famoso do que aquele existente em Corinto, consagrado a deusa pagã Diana, tida e havida como grandiosidade arquitetônica da época, classificada como uma das sete maravilhas do mundo antigo. Diana dos efésios era também denominada Ártemis, segundo a mitologia grega. Encontramos relato bíblico que comprova a prática idolátrica a Diana dos efésios em Atos dos Apóstolos.

Com base na premissa de que a doutrina do véu, apresentada na carta do apóstolo Paulo, foi escrita em virtude das libertinagens dos cultos idolátricos prestados à deusa Afrodite em Corinto, levanta-se uma pergunta óbvia:  Porque então o apóstolo Paulo não escreveu essas mesmas recomendações para as irmãs que residiam em Éfeso, se temos uma epístola dele dedicada aquela igreja?

Exatamente lá, em Éfeso, é que estava o centro de toda a idolatria relacionada à deusa Diana, cuja imagem, segundo eles, teria descido diretamente de Júpiter; conforme se pode constatar no livro de Atos dos Apóstolos.

Teria Paulo se equivocado quanto aos destinatários?

“Então, o escrivão da cidade, tendo apaziguado a multidão, disse: Varões efésios, qual é o homem que não sabe que a cidade dos efésios é a guardadora do templo da grande deusa Diana e da imagem que desceu de Júpiter? ”. (Atos 19:35)

Teria faltado cuidado do apóstolo para ensinar as irmãs de Éfeso, local mais nevrálgico de cultos pagãos?

Teria se esquecido disso, quando escreveu a epístola aos Efésios, somente se atentando para esse problema quando escreveu a carta aos Coríntios?

A fama de Diana dos efésios era tão grande que atraía peregrinos de diversas localidades e os cultos ali eram carregados de farta prostituição cerimonial. Os seus adoradores viajavam a Éfeso com o intuito de tomar parte nas conhecidas orgias das festividades dedicadas aquela, que era tida como a deusa da volúpia. Ademais disso, some-se ainda o fato de Éfeso ter se tornado numa pervertida escola de ensino e prática de artes mágicas e ocultismo, doutrinando aquela gente a crer em mágicas, feitiços, amuletos coisas semelhantes e perversas aos olhos de nosso Deus. Como se pode verificar, não é razoável o argumento do doutrinamento do véu ter sido em virtude dos rituais prostituídos dos cultos à deusa Afrodite, adorada em Corinto. Aliás, interpretação estranha como essa, afrontaria o contexto desse capítulo que trata, inclusive, do sacramento da Ceia do Senhor.

Seria o assunto atinente ao sacramento da Santa Ceia contido nesse mesmo capítulo também costume circunscrito unicamente a igreja de Corinto?

Constatamos, assim, que a verdadeira razão do uso do véu está revestida de um significado especial dentro da relação da mulher com Deus. O seu significado escritural prende-se a hierarquias espirituais, conforme revelado ao apóstolo Paulo, sendo “sinal de autoridade por causa dos anjos”.

A Escritura Sagrada nos ensina que Deus é a cabeça de Cristo, Cristo a cabeça do homem, e o homem a cabeça da mulher, como se lê:

“Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o varão, e o varão a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo” (1Cor. 11:3).

Sendo o varão a expressa imagem e glória de Deus, ele não deve cobrir a sua cabeça, visto que, com essa atitude, ele estaria figurativamente ocultando – negando – a sua cabeça espiritual, que é Cristo. A cabeça descoberta do homem nos momentos de oração e comunhão com Deus denotam a autoridade divina outorgada a ele pelo Altíssimo, refletindo ele em si mesmo a glória de Cristo. A proibição de se cobrir a cabeça do varão, pode ser compreendida, conforme se lê abaixo:

“O varão, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do varão” (1Cor. 11:7).

A mulher, por outro lado, é a glória do varão, pois ela foi criada para o homem, ainda que ambos se completem na unidade da criação divina. Sendo assim, quando a mulher for orar ou profetizar deve se cobrir com o véu, num ato simbólico de ocultar a glória do homem, deixando manifesta exclusivamente a glória de Deus. Outrossim, com esse assentimento e postura, concorda e se ajusta aos desígnios divinos, obtendo de Deus poder e graça para orar e profetizar. Desse modo, as mulheres se cobrindo com o véu reconhecem a autoridade da Palavra de Deus, se submetendo a ordenança do Altíssimo, respeitando, inclusive, a presença dos anjos, seres superiores e puros, os quais transitam entre o Céu e a Terra a serviço da Igreja.

“Não são porventura todos eles* espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” (Heb. 1:14). (* anjos)

A mulher, sendo a glória do varão, deve usar os cabelos crescidos porque isso lhe é honroso, como se lê:

Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu” (1Cor 11:15).

Esse texto retrata o cabelo conferindo honra a mulher perante o homem, pois o cabelo lhe foi dado em lugar de véu, sendo um substituto eventual dele, como quando ela se encontrar em ambientes onde não possa usá-lo. Nessas ocasiões, ela poderá orar e se comunicar livremente com Deus, pois os seus cabelos lhe servirão como equivalente do véu. Todavia, esse substituto não se transforma em titular; visto que os cabelos crescidos das mulheres representam a glória do homem, devendo elas se lhe sujeitarem em amor recíproco no Senhor. Quando a cabeça do homem é Cristo, ele pode ser harmoniosamente o cabeça da mulher, sem contradição ou conflito algum. Portanto, o cabelo não é o véu.

Se o véu fosse o cabelo, a mulher só estaria orando sem o véu se estivesse com a cabeça rapada. Portanto, ela possuindo cabelo, nunca estaria sem véu e nunca teria de se cobrir, pelo simples fato de estarem forçosa e permanentemente coberta com o véu dos seus cabelos. Assim, como visto, o cabelo não é o véu em si mesmo, pois se o cabelo fosse o véu, qual seria o significado de se asseverar que o homem que ora com a cabeça coberta desonra sua própria cabeça? – Se o cabelo fosse véu como então os varões fariam para obedecer à recomendação de não cobrirem a cabeça? – Seriam todos calvos?

Na primeira epístola aos Coríntios, está escrito assim:

“Mas toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada. Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu” (1Cor. 11:5 e 6).

Ou seja, o ensino aqui presente é que a mulher que orar com a cabeça descoberta desonrará a sua própria cabeça, isto é, perderá o sinal de poderio que lhe confere o uso do véu.

Quanto ao significado do verso:

“Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus” (1Cor. 11:16)

Nesse versículo Paulo declara que os dissidentes quanto ao ensino das irmãs usarem o véu deveriam saber que a Igreja de Cristo não tinha o costume de ser contenciosa, contestadora de suas instruções apostólicas. O apóstolo discorreu sobre essa matéria orientado pelo Espírito Santo, pela luz da ciência abundante que lhe foi outorgada para o exercício de seu apostolado em defesa do Evangelho de Cristo. Paulo foi constituído como doutor nas escrituras, pelo dom de Deus e pelas revelações recebidas de nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso mesmo, tinha esclarecimento suficiente para clarear os ensinamentos, os quais expunha, para serem obedecidos, e não para serem discutidos.

 

Vossos irmãos em Cristo,

Conselho da Presidência dos Anciães Mais Antigos do Brasil