Circular Nº 223

O dever de examinar a Escritura Sagrada - RGE 2025 - Português / Francês

Ministério e Irmandade

Publicada em 07 de maio de 2025

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Caros irmãos,

A paz de Deus.

Diante dos questionamentos que tem surgido entre o ministério e a cara irmandade quanto ao estudo das Escrituras Sagradas e, considerando que tais questões têm gerado opiniões divergentes, o Conselho de Anciães, em oração diante de Deus, entende ser oportuno oferecer um esclarecimento doutrinário. 

Com base nas Santas Escrituras e firmados na sã doutrina, buscamos apresentar reflexão sobre os significados dos termos estudo e exame, no contexto da leitura, compreensão e aplicação da Palavra de Deus, com o objetivo de edificar, orientar e preservar a comunhão e a simplicidade do evangelho entre os servos do ministério.

Deixou-nos o Senhor Jesus, um esclarecimento substancial, quando disse:

Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.” (Mat. 22:29)

Constata-se, com zelo e discernimento, que há em determinados contextos uma crescente polarização; de um lado, os que rejeitam o conhecimento bíblico; de outro, os que, com reverência, buscam aprofundar-se na Palavra para melhor exercerem o ministério e edificarem a Igreja.

Torna-se, portanto, necessário, um posicionamento que promova a unidade, dissipe dúvidas e reafirme a centralidade da Escritura como fundamento da fé e prática cristã.

O termo estudo, de origem latina, denota aplicação diligente, zelo e esforço. 

No contexto cristão, estudar a Bíblia Sagrada é dedicar-se, com humildade, à leitura e meditação das Escrituras, buscando o crescimento no Evangelho, como nos orientou a carta escrita pelo Apóstolo Pedro, na sua 2ª carta, capítulo 3, verso 18:

Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém.

Esse empenho inclui compreender o texto sagrado em seu contexto, reconhecendo os interlocutores, as circunstâncias e a intenção do autor inspirado, para que a mensagem seja corretamente interpretada e fielmente anunciada.

Mais profundamente, a Escritura emprega o verbo examinar, como vemos em Atos 17, no verso 11, referindo-se aos crentes da Beréia:

"Ora estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.” 

O termo grego traduzido como examinar significa investigar com rigor, discernir criteriosamente e julgar com profundidade. Não se trata apenas de um esforço intelectual, mas de um gesto de submissão espiritual, discernido o texto lido, à luz do Espírito Santo.  

Assim, enquanto estudar é aplicar-se ao conhecimento, examinar é submeter todas as coisas à prova da Palavra, reconhecendo-a como autoridade suprema e inerrante.

A admoestação de Paulo aos coríntios é clara: 

"...para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro." (1Cor. 4.6)

Este princípio orienta nossa forma de interpretar os textos bíblicos, do sentido das palavras, nada se deve acrescentar à revelação divina, tampouco se pode negligenciá-la. 

Portanto, o estudo reverente e o exame criterioso da Palavra são instrumentos santos, santificados pelo Espírito, para que o obreiro maneje bem a Palavra da verdade (2Tm. 2:15).

Rejeita-se, à luz das Escrituras, a ideia de que o estudo bíblico esfria o crente. Ao contrário, o verdadeiro conhecimento aquece o coração, como ocorreu no caminho de Emaús. (Luc. 24:32) 

A prática da exposição clara da Palavra já era realidade nos dias de Esdras e Neemias, como registra Neemias, no capítulo 8, no verso 8: 

"E leram no livro, na lei de Deus:  e declarando, e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse.

Essa prática demonstrava zelo pela interpretação correta e pela edificação do povo. 

Esclarecemos, contudo, o estudo a que nos referimos deve ser focado, exclusivamente, na Bíblia Sagrada, sem busca a autores, publicações, trabalhos ou pensadores externos às Escrituras. 

O Senhor repreendeu a negligência ao conhecimento: 

"O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento" (Os. 4:6)

Entretanto, salientamos que o conhecimento sem a santificação é mero saber intelectual e não transforma a pessoa, não promove o milagre do novo nascimento.

A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus (Rom. 10:17); o ministério é chamado a pregar com fidelidade, com doutrina e paciência (2Tim. 4:2). 

A manifestação profética, sendo dom precioso, não se opõe à exposição das Escrituras, pois é o mesmo Espírito que opera em ambas.

Assim, exortamos os estimados irmãos a que se ponha fim a posicionamentos extremos que desprezem o estudo bíblico. 

Tais controvérsias não edificam, antes dividem. 

Que todo o Santo Ministério, com sabedoria e discernimento espiritual, utilize com gratidão os recursos piedosos que o Senhor tem concedido para o fiel cumprimento do nosso chamado. 

Que a Palavra seja lida com oração, examinada com reverência e pregada com fidelidade, para glória de Deus e edificação do Seu povo.

Vossos irmãos em Cristo,


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