O dever de examinar a Escritura Sagrada - RGE 2025 - Português / Francês
Ministério e Irmandade
Publicada em 07 de maio de 2025
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Caros irmãos,
A paz de Deus.
Diante dos questionamentos que tem surgido entre o ministério e a cara irmandade quanto ao estudo das Escrituras Sagradas e, considerando que tais questões têm gerado opiniões divergentes, o Conselho de Anciães, em oração diante de Deus, entende ser oportuno oferecer um esclarecimento doutrinário.
Com base nas Santas Escrituras e firmados na sã doutrina, buscamos apresentar reflexão sobre os significados dos termos estudo e exame, no contexto da leitura, compreensão e aplicação da Palavra de Deus, com o objetivo de edificar, orientar e preservar a comunhão e a simplicidade do evangelho entre os servos do ministério.
Deixou-nos o Senhor Jesus, um esclarecimento substancial, quando disse:
“Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.” (Mat. 22:29)
Constata-se, com zelo e discernimento, que há em determinados contextos uma crescente polarização; de um lado, os que rejeitam o conhecimento bíblico; de outro, os que, com reverência, buscam aprofundar-se na Palavra para melhor exercerem o ministério e edificarem a Igreja.
Torna-se, portanto, necessário, um posicionamento que promova a unidade, dissipe dúvidas e reafirme a centralidade da Escritura como fundamento da fé e prática cristã.
O termo estudo, de origem latina, denota aplicação diligente, zelo e esforço.
No contexto cristão, estudar a Bíblia Sagrada é dedicar-se, com humildade, à leitura e meditação das Escrituras, buscando o crescimento no Evangelho, como nos orientou a carta escrita pelo Apóstolo Pedro, na sua 2ª carta, capítulo 3, verso 18:
“Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém.”
Esse empenho inclui compreender o texto sagrado em seu contexto, reconhecendo os interlocutores, as circunstâncias e a intenção do autor inspirado, para que a mensagem seja corretamente interpretada e fielmente anunciada.
Mais profundamente, a Escritura emprega o verbo examinar, como vemos em Atos 17, no verso 11, referindo-se aos crentes da Beréia:
"Ora estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.”
O termo grego traduzido como examinar significa investigar com rigor, discernir criteriosamente e julgar com profundidade. Não se trata apenas de um esforço intelectual, mas de um gesto de submissão espiritual, discernido o texto lido, à luz do Espírito Santo.
Assim, enquanto estudar é aplicar-se ao conhecimento, examinar é submeter todas as coisas à prova da Palavra, reconhecendo-a como autoridade suprema e inerrante.
A admoestação de Paulo aos coríntios é clara:
"...para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro." (1Cor. 4.6)
Este princípio orienta nossa forma de interpretar os textos bíblicos, do sentido das palavras, nada se deve acrescentar à revelação divina, tampouco se pode negligenciá-la.
Portanto, o estudo reverente e o exame criterioso da Palavra são instrumentos santos, santificados pelo Espírito, para que o obreiro maneje bem a Palavra da verdade (2Tm. 2:15).
Rejeita-se, à luz das Escrituras, a ideia de que o estudo bíblico esfria o crente. Ao contrário, o verdadeiro conhecimento aquece o coração, como ocorreu no caminho de Emaús. (Luc. 24:32)
A prática da exposição clara da Palavra já era realidade nos dias de Esdras e Neemias, como registra Neemias, no capítulo 8, no verso 8:
"E leram no livro, na lei de Deus: e declarando, e explicando o sentido, faziam que, lendo, se entendesse."
Essa prática demonstrava zelo pela interpretação correta e pela edificação do povo.
Esclarecemos, contudo, o estudo a que nos referimos deve ser focado, exclusivamente, na Bíblia Sagrada, sem busca a autores, publicações, trabalhos ou pensadores externos às Escrituras.
O Senhor repreendeu a negligência ao conhecimento:
"O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento" (Os. 4:6)
Entretanto, salientamos que o conhecimento sem a santificação é mero saber intelectual e não transforma a pessoa, não promove o milagre do novo nascimento.
A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus (Rom. 10:17); o ministério é chamado a pregar com fidelidade, com doutrina e paciência (2Tim. 4:2).
A manifestação profética, sendo dom precioso, não se opõe à exposição das Escrituras, pois é o mesmo Espírito que opera em ambas.
Assim, exortamos os estimados irmãos a que se ponha fim a posicionamentos extremos que desprezem o estudo bíblico.
Tais controvérsias não edificam, antes dividem.
Que todo o Santo Ministério, com sabedoria e discernimento espiritual, utilize com gratidão os recursos piedosos que o Senhor tem concedido para o fiel cumprimento do nosso chamado.
Que a Palavra seja lida com oração, examinada com reverência e pregada com fidelidade, para glória de Deus e edificação do Seu povo.
Vossos irmãos em Cristo,
Conselho dos Anciães Mais Antigos